Valor Econômico: PPSA espera receita de R$ 300 milhões com negociação de petróleo em 2018

Com a permissão para comercializar diretamente a fatia de petróleo da União no pré-sal, a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) prevê uma receita de R$ 300 milhões em 2018 com a venda de petróleo extraído dos campos de Mero (nova denominação de Libra) e Sapinhoá, operados pela Petrobras. A primeira carga retirada de Mero está prevista para o primeiro trimestre e a expectativa da PPSA é de obter R$ 70 milhões líquidos com a venda de petróleo, segundo informou o presidente da PPSA, Ibsen Flores Lima.

O preço já considera o pagamento de impostos e outros custos. A União também terá direito a retirar 130 mil barris de petróleo do campo de Sapinhoá, oq ue deve lhe render em torno de R$ 20 milhões este ano.

Segundo Lima, a primeira carga de óleo da PPSA no campo de Mero é de 500 mil barris e deve ser retirada entre o fim de março e início de abril, sendo que a primeira retirada será da Petrobras.

A venda deve ser feita para um dos sócios de Mero – Petrobras, Shell, Total, CNPC ou CNOOC – e não por meio de leilão na B3. Os sócios de Sapinhoá são a Petrobras, Shell e Repsol.

“O leilão é para o médio prazo. No curtíssimo prazo, a ideia é fazer uma tomada de preço com os sócios, que são as empresas que têm a logística adequada”, afirmou Lima. “Não seria através da B3 ainda porque para operacionalizar isso demora algum tempo. Com a B3, vai ser da mesma forma, mas outras empresas poderão se habilitar, desde que tenham a logística adequada, que são os navios de posicionamento dinâmico para fazer a retirada do petróleo”, explicou.

A disponibilidade de navios com posicionamento dinâmico é necessária porque é preciso encostar na plataforma com muito cuidado para extrair o petróleo durante o carregamento, já que o comprador terá que retirar a carga em alto mar. Segundo o presidente da PPSA, os contratos desse tipo de navio são de prazos mais longos e disponível pelas empresas que já fazem esse tipo de operação no Brasil. É o caso da Petrobras e sócias, que podem retirar sua parte na produção dos campos e exportar em seguida.

Para 2019, a expectativa da PPSA é é obter RS 400 milhões com a venda de 22 milhões de barris de petróleo produzidos no pré-sal. Os cálculos consideram o preço de US$ 50 por barril de petróleo.

Segundo a projeção da empresa, em 20l9 a União terá direito a cerca de de 1 milhão de barris extraídos , 1,5 milhão de barris extraídos de Tartaruga Verde e cerca de 100 mil barris de Sapinhoá. O volume menor projetado para Mero, segundo Lima, deve-se ao sistema itinerante de produção, que troca a localização dos poços produtores durante a fase de testes.

A previsão é que o sistema definitivo de Mero só entrará em produção em 2021, quando for instalada plataforma de 180 mil barris por dia recentemente contratada pelo sistema de afretamento junto com a Modec. É quando a fatia de óleo da União começará a aumentar.As estimativas da PPSA levam em conta projeções para o preço de referência da Agência Nacio­nal do Petróleo (ANP) que podem ou não se realizar, já que o regulador calcula o valor de re­ferência com base na qualidade do petróleo extraído de cada campo e na cotação internacional, entre outras variáveis.

Os procedimentos para a ven­da direta de petróleo pela estatal foram detalhados na Portaria no 3, editada pelo Ministério de Minas e Energia no dia 3 de janei­ro e válida até 31 de dezembro de 2018. A portaria também autori­za que a PPSA seja o agente comercializador do petróleo da União, o que antes não era previsto na Lei 12.204, de 2010.

A Lei prevê que a PPSA deve monitorar e auditar as operações de venda, assim como os custos e os preços de venda do petróleo e gás, o que na prática implicava na exigência dos compradores terem que informar sobre os preços finais, o que não despertou interesse de nenhuma companhia. O tema agora é tratado no texto da Medida Provisória 811 de 2017, que está em tramitação.

A PPSA tem previsão de contratar 15 funcionários em 2018, que já estão em processo de admissão. A empresa estatal criada para representar a União nos contratos de partilha para exploração no pré-sal tem atualmente 30 empregados. O estatuto da empresa prevê que tenha no máximo 150 funcionários.

Fonte: Valor Econômico